Crítica do filme

Posted by Postado por Michele Motta On 06:08



Dirigido por Anne Fountaine (A Garota de Mônaco), Coco Antes de Chanel é um retrato de Coco antes de se tornar uma verdadeira lenda da moda, como o próprio título deixa claro. A ideia do filme é, portanto, focar nos anos anteriores à fama; uma das evidências disso é que em momento nenhum seu sobrenome, que dá nome a uma das mais fortes marcas da indústria da moda ainda hoje, nunca é citado.

O filme começa quando Gabrielle – nome de batismo da estilista - é abandonada no orfanato ao lado de sua irmã ainda na infância. Elas crescem fortemente unidas e, na idade adulta, já apelidada por Coco (Audrey Tautou), tenta sobreviver como pode cantando num cabaré ao lado da irmã, Adrienne (Marie Gillain), e fazendo pequenos consertos de costura durante o dia. Mas Coco, abandonada pelo pai e não muito favorecida pela genética, cresce descrente no amor - embora tenha seus romances - ou qualquer outra coisa que seres do sexo oposto possam oferecer.

Numa sociedade machista, é complicado para uma mulher conseguir sucesso sem ter um casamento abastado ou algo do gênero e Coco luta o tempo todo para conseguir ser bem-sucedida sem a ajuda de um homem, diferentemente das mulheres de sua época. Mas isso causa amargor na personagem, que critica sempre que pode o excesso de “fru-frus” nas roupas das mulheres. Esses dois aspectos da personalidade da protagonista – a descrença em relacionamentos, especialmente no casamento, e a visão crítica em relação à moda vigente nos anos 30 e 40 - formam a mulher que, mais tarde, revolucionaria a moda por meio de suas criações. A estilista retratada em Coco Antes de Chanel é uma mulher amargurada, desiludida, essa visão incomoda. A direção é excessivamente sóbria, acompanhando o tipo de pensamento da personagem, mas entediando o espectador.

A atuação de Audrey é distante, num tom gelado. Por isso, é difícil fazer com que o espectador desenvolva qualquer empatia com a protagonista, que revolucionou a moda ao levar a elegância sóbria ao vestuário feminino. A direção de arte e os figurinos dão ênfase à sobriedade, à elegância, mas a narrativa arrastada e pouco criativa não conquista nem os mais interessados em moda do que em cinema.

Fonte: R7

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